"Pacote do IOF gera instabilidade e volatilidade no mercado, apontam analistas – veja as últimas notícias"
O recuo do governo em parte do aumento do IOF não foi suficiente para conter os efeitos negativos da medida, avaliam economistas e analistas
5/23/20252 min ler


Recuo no aumento do IOF não acalma o mercado e eleva percepção de risco, dizem analistas
O recuo parcial do governo no aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) não foi suficiente para conter os efeitos negativos da medida. Segundo economistas e analistas do mercado financeiro, a decisão gerou um ambiente de incerteza, insegurança e volatilidade, o que deve pressionar os juros, o câmbio e os preços dos ativos. Essa instabilidade reforça os temores do mercado sobre o rumo da política fiscal brasileira.
A mudança no IOF foi anunciada logo após a divulgação do relatório bimestral de controle de despesas. Apesar de o governo ter adotado um tom mais realista sobre as contas públicas, com a previsão de novos contingenciamentos, a escolha pelo IOF como instrumento de arrecadação foi mal recebida.
Para Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Pine, o uso do IOF como estratégia arrecadatória abre um precedente perigoso:
“Recorrer ao IOF cria uma percepção de incerteza tributária em um cenário onde o ajuste fiscal está cada vez mais baseado no aumento da carga tributária”, afirma.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, também aponta para a instabilidade gerada:
“Esse tipo de medida, historicamente, é interpretado como uma tentativa de ganho político às custas da responsabilidade fiscal. Isso amplia a volatilidade nos mercados”, avalia.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, vai além:
“A mensagem é negativa e espanta investidores estrangeiros. Mesmo com o recuo, a instabilidade já foi criada. Além disso, a medida pode sinalizar intervenções em outras áreas, o que aumenta a aversão ao risco.”
O recuo do governo restringiu-se apenas à cobrança do IOF sobre investimentos no exterior. A elevação do IOF sobre operações de crédito e financeiras no Brasil foi mantida, o que afeta diretamente empresas e consumidores, tornando o crédito mais caro e reduzindo o poder de compra.
Risco fiscal continua preocupando
Mesmo com o recuo parcial, o risco fiscal segue elevado. Antes da decisão, o governo estimava arrecadar R$ 20 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026 com o pacote. Com a reversão parcial, a perda de arrecadação ainda está sendo avaliada.
Para Sung, o governo insiste em medidas arrecadatórias de curto prazo, ignorando os problemas estruturais das contas públicas:
“Mais uma vez o foco está em aumentar receitas, não em cortar despesas. Essa estratégia passa um sinal negativo ao mercado.”
João Arthur Almeida, CIO da Suno Wealth, também destaca o impacto do recuo:
“Sem um ajuste estrutural, a percepção de risco fiscal aumenta. Isso pressiona os juros, o câmbio e desvaloriza os ativos. A volatilidade deve continuar.”
Segundo os analistas, o episódio reforça os desafios do governo em conciliar responsabilidade fiscal e estabilidade econômica. Medidas mal planejadas, mesmo que revertidas, deixam cicatrizes no mercado e impactam a confiança de investidores.