Ex-policial do Bope cobrava R$ 1.500 por hora para treinar traficantes: últimas notícias em tempo real
Investigações da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) apontam que Ronny Pessanha de Oliveira atuava em parceria com chefes do tráfico
5/23/20252 min ler


Preso no início do ano passado, o ex-policial militar Ronny Pessanha de Oliveira, 33 anos, que atuava no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), cobrava até R$ 1.500 por hora para treinar chefes do tráfico no Rio de Janeiro, conforme aponta a Polícia Civil. Os treinamentos combinavam exercícios físicos com tiro ao alvo, segundo o RJ2, da TV Globo.
As investigações da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) revelam que Ronny agia em parceria com o Comando Vermelho (CV) e entrou no crime após participar de extorsões e grilagem de terrenos na Zona Oeste do Rio, em conjunto com uma quadrilha. Essas ações fazem parte da Operação Contenção, da Polícia Civil, que busca desarticular as facções que disputam territórios na região.
— Ele inicialmente ingressou na milícia da Zona Oeste, nas comunidades de Rio das Pedras e Muzema, para atuar em extorsão e grilagem de terrenos — explicou Jefferson Teixeira, titular da DRF, em entrevista ao RJ2. — Cada sessão de treinamento dura cerca de uma hora e custa entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil.
Durante as investigações, foram encontrados áudios e mensagens em que Ronny detalha os treinamentos para traficantes como William Sousa Guedes, o “Corolla”, preso em 2023, e Manoel Cinquine Pereira, o “Paulista”, líder do tráfico no Complexo da Penha e atualmente foragido. Em um áudio, Ronny reclama do cansaço após uma sessão com Corolla, que apareceu em vídeos da polícia correndo em esteira, usando colete à prova de balas e armado com fuzis.
— Hoje fui na casa do Corolla. Cheguei lá em cima do morro exausto. Isso não pode acontecer, porque, se precisar agir, posso morrer. Sou referência em combate — dizia ele.
Ronny foi preso em março de 2024, durante uma abordagem do 31º BPM na Estrada do Itanhangá, na Barra da Tijuca. Em 2021, ele já havia sido acusado pelo Ministério Público do Rio de cobrar taxas de construtores em favelas. Na última prisão, ele foi detido em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, mas pagou R$ 8 mil de fiança e foi liberado para responder em liberdade. A arma foi apreendida dentro de seu carro de luxo, uma Mercedes Benz avaliada em cerca de R$ 220 mil, além de uma identidade falsa de policial militar.
A Polícia Civil informou que Ronny oferecia treinamentos para o Comando Vermelho, auxiliando a facção na invasão de territórios dominados por milícias e facções rivais. Já o Ministério Público aponta o ex-policial como aliado de Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, um dos chefes da milícia de Rio das Pedras, e que usava essa ligação para organizar eventos como shows e festas nas favelas.
Ronny já foi lotado no 9º BPM (Rocha Miranda), no Bope e no 41º BPM (Irajá), até ser expulso da corporação em setembro de 2023. Segundo o MP, ele comandava a segurança do grupo paramilitar e é apontado como proprietário de um dos prédios demolidos na Muzema, durante operação conjunta com a prefeitura em 2021.