Brasil estima pela primeira vez que 2,4 milhões de pessoas foram diagnosticadas com autismo
Estimativas apontam que o número real de pessoas com TEA deve ser maior, diante dos desafios de subdiagnóstico, sobretudo em camadas mais vulneráveis
5/23/20252 min ler


Pela primeira vez, o Brasil tem um levantamento oficial da população diagnosticada com autismo: 2,4 milhões de pessoas declararam ter recebido diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo dados do Censo 2022 do IBGE, divulgados nesta sexta-feira (23).
Esse número representa 1,2% da população brasileira, mas especialistas apontam que o total real pode ser maior devido ao subdiagnóstico, especialmente entre grupos mais vulneráveis.
A Organização Mundial da Saúde define o autismo como um transtorno caracterizado por dificuldades persistentes na comunicação e nas interações sociais, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, que geralmente se manifestam na primeira infância, mas podem não ser totalmente identificados até fases posteriores da vida.
O diagnóstico é mais comum entre homens (1,5%) do que mulheres (0,9%), e há maior prevalência entre pessoas brancas (1,3%), o que pode refletir desigualdades no acesso ao diagnóstico. A maioria dos casos está concentrada na Região Sudeste, mas os maiores percentuais por estado são no Norte e Nordeste, como Acre, Amapá e Ceará, com taxas entre 1% e 1,6%.
Especialistas ressaltam a diversidade de manifestações do autismo, reconhecida desde que o termo “espectro” foi adotado, há pouco mais de uma década, para destacar a variedade de sintomas e habilidades.
A inclusão da pergunta sobre autismo no Censo foi estabelecida por lei em 2019. O IBGE reconhece as limitações do levantamento, já que o diagnóstico do TEA é complexo e a pergunta no questionário foi única: “Já foi diagnosticado(a) com autismo por algum profissional de saúde?”
No âmbito educacional, o Censo apontou que mais de 760 mil estudantes com autismo estão matriculados no Brasil, com taxa de escolarização (36,9%) superior à média geral da população (24,3%), especialmente entre crianças e jovens. A maioria (66,8%) está no ensino fundamental regular.
No entanto, especialistas alertam que a inclusão escolar ainda enfrenta desafios significativos, como a falta de formação adequada de professores e profissionais de apoio, além das condições precárias do sistema público de ensino, onde está concentrada a maioria das crianças autistas. O debate sobre o papel da escola no desenvolvimento dos alunos com TEA segue aberto no país.